26/11/2015

Sem Fins Lucrativos

Ontem gastei
todo o meu dinheiro
Não me sobrou
nem um puto
E eu ainda tenho
um mês inteiro
Enchi a cara
com minhas economias
Engoli o tédio
e a monotonia
Matei o frio
num gole de vinho barato
Chorei com o céu
todo o pranto acumulado
Embriagada na escassez da vida
riso embaçado,
uma nuvem o escondia
Raios e trovões
iluminavam meus estrondos
Tempestade de verão
O cheiro dos cigarros
impregnavam meus cabelos
Morbidez efêmera
N'outro dia
pela manhã
terra molhada
ressaqueada
Devaneios e quimeras
pingando em minha janela
todo canto de saudade.

31/10/2015

Angústias

Definitivamente me sinto derrotada. Perdi o lirismo num beco sem escolta. Os olhos não choram e o coração não palpita além do necessário. Senti a falta do frio incessante na barriga. Falta da sede de desvendar o desconhecido. A monotonia exaustante transformou qualquer alarde em tédio. Não me cabe palavras em tamanho desdém à permanência da vida. A ânsia por uma ânsia sufocou-me terminantemente. Sinto que não sinto tudo que pudera sentir, e esta lástima consome a ternura de meus preceitos mais sinceros. Almejava amores, dores, cheiros, sabores. Tudo quanto fosse palpável a meu tato errante seria bienvenu. Andei buscando um misto de sensações a priori, sem êxito. Incansável a esperança da alma pelas satisfações de seus desejos. Enquanto não as trago, trago, nesse cigarro imundo, todas as dores que respiro deste mundo.

12/05/2015

05/05/2015


Colisão de Corpos

Que o tempo
passe
e amadureçam
os frutos

Dentre folhas
verdes de libertinagem
e juventude eterna
De gosto doce
Imaturo

E que as raízes
firmem-se
em terra fértil

Adubada com
ternura
E regada com
libido

Pássaros voam
e que criemos asas
para que voar
possamos também

Em azul anil
sem medo de cair
sem limites em existir

Longínquos sorrisos
esbarrem-se
E bocas carnudas
com sede

Lambendo
saliva quente
De rubro venham
Borrar-se

E línguas
desesperadas
se entrelacem

Como corpos
ocupando o
mesmo espaço

Planetas que
se chocam
Transformando
o caos
em fogos de artifício.

04/05/2015

Madrugada

Corre
de mim

Enquanto
corre
em mim

Por entre
dedos
frouxos
a alisar

O que tua
língua
corre
e escorre

Entre
pernas
e vulvas

Gozo
de epifania

Encosto
teus lábios
aos meus

Incansável
doçura
Extrassensorial.